A autocobrança é uma espada de dois gumes. Por um lado, pode nos impulsionar a alcançar grandes feitos, mantendo-nos focados em nossos objetivos e motivados a melhorar continuamente.
Por outro, quando excessiva, pode se tornar uma força debilitante que drena nossa energia, mina nossa autoestima e nos impede de apreciar nossas conquistas.
O Que é a Autocobrança?
A autocobrança é a tendência de estabelecer padrões extremamente altos para si mesmo e se punir quando esses padrões não são atingidos.
Esse comportamento pode ser alimentado por diversos fatores, incluindo a pressão social, a comparação constante com os outros e, muitas vezes, uma voz interna crítica que perpetua a sensação de nunca ser bom o suficiente.
As Consequências da Autocobrança Excessiva
Quando a autocobrança sai do controle, ela pode levar a uma série de consequências negativas, tais como:
Ansiedade e Estresse: A necessidade constante de se provar pode gerar uma ansiedade incessante e um estado de alerta constante. Por exemplo, um profissional que trabalha em um ambiente altamente competitivo pode sentir-se pressionado a constantemente superar seus colegas, levando a níveis insustentáveis de estresse.
Baixa Autoestima: A autocrítica severa diminui a autoconfiança, criando um ciclo vicioso de autoavaliação negativa. Estudantes que se cobram demais podem sentir que nunca são inteligentes o suficiente, mesmo quando obtêm boas notas.
Procrastinação: O medo de falhar ou de não atingir a perfeição pode paralisar a ação, resultando em procrastinação. Um artista, por exemplo, pode adiar continuamente a finalização de uma obra por não acreditar que ela esteja "perfeita".
Esgotamento: A pressão contínua pode levar ao esgotamento mental e físico, tornando difícil encontrar alegria e motivação nas atividades diárias. Profissionais de saúde, que muitas vezes enfrentam altas expectativas tanto de si mesmos quanto dos outros, podem sofrer de burnout.
Estratégias para Romper o Ciclo da Autocobrança
1. Pratique a Autocompaixão: Segundo Kristin Neff, autora e pesquisadora no campo da autocompaixão, tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que você ofereceria a um amigo é fundamental.
Isso não significa ser leniente consigo mesmo, mas sim reconhecer que a falha e a imperfeição são partes inerentes da condição humana.
Por exemplo, ao cometer um erro no trabalho, em vez de se culpar, é mais produtivo refletir sobre o aprendizado que esse erro pode proporcionar.
2. Reavalie suas Expectativas: Avalie se suas expectativas são realistas e alcançáveis. Daniel Kahneman, vencedor do Nobel e especialista em psicologia comportamental, destaca a importância de ajustar nossas metas à realidade para evitar frustrações desnecessárias.
Pergunte-se se os objetivos que você estabeleceu são possíveis de alcançar dentro do tempo e recursos disponíveis.
3. Mindfulness e Presença Plena: A prática da mindfulness, conforme recomendado por Mark Williams, pode ajudar a reduzir a autocobrança ao trazer a atenção para o momento presente, permitindo uma avaliação mais equilibrada das situações.
Ao meditar regularmente, você pode desenvolver uma maior consciência de seus pensamentos e sentimentos, respondendo a eles de maneira mais compassiva e menos crítica.
4. Celebrar Pequenas Conquistas: Em vez de focar apenas no que ainda não foi alcançado, aprenda a valorizar e celebrar cada pequeno passo dado. Isso reforça uma mentalidade positiva e aumenta a motivação.
Por exemplo, se você está aprendendo um novo idioma, comemore cada nova palavra ou frase que você aprende, em vez de se frustrar por ainda não ser fluente.
5. Busque Apoio: Conversar com amigos, familiares ou um terapeuta pode proporcionar uma perspectiva externa valiosa.
A hipnoterapia, por exemplo, é uma ferramenta eficaz para explorar as raízes da autocobrança e desenvolver uma relação mais saudável consigo mesmo.
Ter um espaço seguro para expressar suas preocupações e dúvidas pode aliviar a pressão interna.
6. Aceite a Falha como Parte do Processo: Tony Robbins frequentemente diz que "o sucesso é resultado de bons julgamentos, que é resultado de experiência, que é frequentemente resultado de maus julgamentos."
Falhar é uma parte inevitável da jornada de qualquer pessoa bem-sucedida. Em vez de ver a falha como um reflexo de sua incompetência, veja-a como uma oportunidade para aprender e crescer.
7. Desenvolva uma Mentalidade de Crescimento: Carol Dweck, uma renomada psicóloga, introduziu o conceito de "mindset de crescimento" versus "mindset fixo".
Aqueles com uma mentalidade de crescimento acreditam que suas habilidades podem ser desenvolvidas através de dedicação e trabalho árduo. Isso reduz a autocobrança, pois o foco passa a ser o progresso e não a perfeição.
8. Estabeleça Limites Claros: Defina limites realistas entre trabalho e vida pessoal. Saber quando parar é crucial para evitar o esgotamento.
Determine horários específicos para o trabalho e para o descanso, e respeite-os.
Inspirando-se em Modelos de Sucesso
Brené Brown, conhecida por seus estudos sobre vulnerabilidade e coragem, enfatiza a importância de aceitar nossa imperfeição e abraçar nossa humanidade.
Ela nos lembra que "a vulnerabilidade é a coragem de ser visto", e isso inclui aceitar nossas falhas e limitações.
Tony Robbins, por sua vez, nos lembra que o progresso, não a perfeição, é a chave para uma vida satisfatória. Ele destaca que pequenas melhorias diárias acumulam-se ao longo do tempo, levando a grandes conquistas.
James Clear, autor de "Hábitos Atômicos", nos ensina que pequenas mudanças incrementais podem levar a grandes transformações ao longo do tempo.
Ao focar em melhorar 1% a cada dia, em vez de esperar por saltos gigantes, reduzimos a autocobrança e construímos uma base sólida para o crescimento contínuo.
Conclusão
Quebrar o ciclo da autocobrança não é uma tarefa simples, mas é essencial para cultivar uma vida mais equilibrada e gratificante.
Ao praticar a autocompaixão, ajustar expectativas e celebrar pequenas vitórias, podemos começar a nos libertar das garras da autocrítica excessiva.
Lembre-se de que todos estamos em uma jornada, e permitir-se ser humano é um ato de coragem e força. Buscar ferramentas e métodos, como a hipnoterapia, pode ser um passo significativo para reconectar-se consigo mesmo de maneira mais saudável e equilibrada.
Afinal, como diz Eckhart Tolle, "a vida não é tão séria quanto a mente faz parecer.
